terça-feira, 20 de julho de 2010

Dica da Revista Veja

Como ajudar na rotina escolar


Monica Weinberg

O Brasil é um país onde os pais participam pouco da vida escolar dos filhos. Segundo pesquisa da OCDE (organização que reúne as nações mais industrializadas), esse é um dos fatores que explicam o baixo desempenho acadêmico dos estudantes brasileiros. De acordo com o trabalho, existe uma relação direta entre o engajamento das famílias no processo de aprendizado e os bons resultados escolares. Os melhores exemplos nesse campo vêm de países asiáticos, como Japão e Coréia do Sul, onde as mães chegam ao extremo de fazer cursos para aprender a lição dos filhos. A experiência oriental, que tem contribuído para colocar tais estudantes entre os melhores do mundo, serve de alerta para os pais dos 30 milhões de brasileiros que voltam às aulas em fevereiro.
Com o objetivo de reunir sugestões sobre como a família pode ajudar, VEJA entrevistou o professor Harris Cooper, diretor de um instituto voltado para pesquisas sobre educação na Duke University, nos Estados Unidos. Há duas décadas, Cooper se dedica a estudar os efeitos positivos da participação dos pais na vida escolar. Nesta reportagem, ele dá idéias práticas com base em seus últimos trabalhos sobre o tema. Também foram convidadas a opinar cinco das melhores escolas de ensino fundamental do Brasil, segundo ranking publicado por VEJA. Elas estão de acordo em relação à dose adequada de ajuda familiar nos estudos. Eis o resultado:
O QUE O PROFESSOR HARRIS COOPER SUGERE PARA QUE OS PAIS PARTICIPEM DAS TAREFAS ESCOLARES
Divulgação

• Garantir que não faltem em casa livros, um bom dicionário e espaço tranqüilo para realizar o dever
• Mostrar-se entusiasmados em relação às tarefas dos filhos. Segundo pesquisas, isso ajuda a fazê-los encarar o dever como uma atividade prazerosa
• Fazer a criança perceber que suas tarefas têm aplicação na vida prática. Por exemplo: ao consultar seu saldo bancário, mostrar como se usa a matemática para conferir a conta
• Ao ter a ajuda requisitada, apenas dar sugestões de como resolver a questão. Está provado que essa é uma estratégia mais eficiente do que revelar a resposta
• Se a criança demonstrar sinais de exaustão, sugerir um intervalo para o descanso antes da conclusão da tarefa
O QUE AS ESCOLAS OUVIDAS POR VEJA FALAM SOBRE DEVER DE CASA
Renato Chaui

Colégio Porto Seguro, em São Paulo: uma das escolas consultadas
Como elas acham que os pais podem auxiliar nas tarefas escolares
Primeiro, os pais devem estimular os filhos a ter uma rotina de estudos em casa. Outra medida de efeito positivo é que demonstrem interesse pelas tarefas. Em relação à ajuda na realização dos deveres, o consenso é que os pais desempenhem o papel de orientadores. Ao serem solicitados, eles devem indicar livros e sites para pesquisa. Também podem fornecer pistas sobre a resolução de um problema. "Dar a resposta certa, jamais", dizem os educadores ouvidos por VEJA.
Quanto tempo os estudantes devem dedicar aos deveres, segundo as escolas entrevistadas
Da 1ª à 4ª série, no máximo duas horas. Da 5ª à 8ª série, o limite é de três horas.
Fonte:http://veja.abril.com.br/080206/p_098.html

O que é bullying?

Atos agressivos físicos ou verbais só são evitados com a união de diretores, professores, alunos e famílias


Bullying é uma situação que se caracteriza por atos agressivos verbais ou físicos de maneira repetitiva por parte de um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo inglês refere-se ao verbo "ameaçar, intimidar".
Estão inclusos no bullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas. E, não adianta, todo ambiente escolar pode ter esse problema. "A escola que afirma não ter bullying ou não sabe o que é ou está negando sua existência", diz o médico pediatra Lauro Monteiro Filho, fundador da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia), que estuda o problema há nove anos.
Segundo o médico, o papel da escola começa em admitir que é um local passível de bullying, informar professores e alunos sobre o que é e deixar claro que o estabelecimento não admitirá a prática - prevenir é o melhor remédio. O papel dos professores também é fundamental. "Há uma série de atividades que podem ser feitas em sala de aula para falar desse problema com os alunos. Pode ser tema de redação, de pesquisa, teatro etc. É só usar a criatividade para tratar do assunto", diz.
O papel do professor também passa por identificar os atores do bullying - agressores e vítimas. "O agressor não é assim apenas na escola. Normalmente ele tem uma relação familiar onde tudo se revolve pela violência verbal ou física e ele reproduz o que vê no ambiente escolar", explica o especialista. Já a vítima costuma ser uma criança com baixa autoestima e retraída tanto na escola quanto no lar. "Por essas características, é difícil esse jovem conseguir reagir", afirma Lauro. Aí é que entra a questão da repetição no bullying, pois se o aluno reage, a tendência é que a provocação cesse.
Claro que não se pode banir as brincadeiras entre colegas no ambiente escolar. O que a escola precisa é distinguir o limiar entre uma piada aceitável e uma agressão. "Isso não é tão difícil como parece. Basta que o professor se coloque no lugar da vítima. O apelido é engraçado? Mas como eu me sentiria se fosse chamado assim?", orienta o médico. Ao perceber o bullying, o professor deve corrigir o aluno. E em casos de violência física, a escola deve tomar as medidas devidas, sempre envolvendo os pais.
O médico pediatra lembra que só a escola não consegue resolver o problema, mas é normalmente nesse ambiente que se demonstram os primeiros sinais de um agressor. "A tendência é que ele seja assim por toda a vida a menos que seja tratado", diz. Uma das peças fundamentais é que este jovem tenha exemplos a seguir de pessoas que não resolvam as situações com violência - e quem melhor que o professor para isso? No entanto, o mestre não pode tomar toda a responsabilidade para si. "Bullying só se resolve com o envolvimento de toda a escola - direção, docentes e alunos - e a família", afirma o pediatra.